Marketing como Ferramenta de Inclusão Social - Muito além de vender, é sobre representar

Por muito tempo, o marketing foi visto como uma ferramenta para vender mais, alcançar novos públicos e crescer no mercado. Com a minha experiência eu percebo que o marketing também pode ser usado de uma forma mais consciente,  ser uma potente ferramenta de inclusão social, especialmente pensando na desigualdade que historicamente enfrentamos no nosso país.

Pessoas negras, indígenas, periféricas, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência foram por anos invisibilizadas ou estereotipadas nas campanhas de comunicação. Quando uma empresa escolhe representar esses grupos de forma real, respeitosa e estratégica, ela contribui para uma sociedade mais justa, criando conexões mais verdadeiras com um público que deseja se ver nas marcas que consome.

As marcas que alinham suas ações de marketing com valores de diversidade, equidade e inclusão estão construindo mais do que campanhas: estão participando de um processo de transformação social. Isso exige escuta, mudança interna, posicionamento claro e responsabilidade com a narrativa que se coloca no mundo. 

Marketing de inclusão não se faz só na propaganda. É preciso refletir sobre quem cria as campanhas, quem está por trás da estratégia, quais fornecedores são contratados, quais influenciadores são escolhidos, e para quem os produtos ou serviços estão acessíveis. É pensar além do resultado, no impacto na realidade de pessoas que viveram à margem por muito tempo. Incluir também é distribuir oportunidades.

É possível usar o marketing como ferramenta para valorizar culturas, ampliar acessos e movimentar economias locais. Eu vejo isso diariamente nos negócios de empreendedores negros com quem trabalho. Quando conseguimos construir narrativas que fortalecem suas raízes e respeitam sua trajetória, o marketing deixa de ser só venda e se torna um instrumento de poder. Marketing que inclui é marketing que educa, emancipa e transforma.Pensar em inclusão na comunicação e no marketing vai muito além de definir uma persona ou criar campanhas direcionadas para um grupo. É fazer pesquisa, buscar aprofundamento, ir além da venda,  é transformar. É reconhecer e respeitar realidades que talvez não façam parte da sua vivência, mas que merecem ser vistas com empatia e responsabilidade.

No fim das contas, a pergunta que fica para quem trabalha com comunicação e marketing é: pra quem estamos falando, com quem estamos construindo e quem estamos deixando de fora?

Maria Rita Araujo 

VP de Inclusão Social