Muitos especialistas defendem a ideia de que cada geração dura, em média, quinze anos. Por isso, sustentavam que a Geração Alpha (iniciada em 2010) só terminaria agora, em 2025, dando lugar à chamada Geração Beta.
Entretanto, se olharmos para os acontecimentos recentes — especialmente a escalada da Inteligência Artificial generativa desde o fim de 2022 — percebemos que a virada geracional começou antes. Para quem argumenta que o marco deveria ser 2023 ou 2024, faz muito sentido dizer que as crianças nascidas nesse intervalo já chegam a um mundo em que a IA não é mais uma curiosidade de laboratório, mas parte integrante do dia a dia de grande parte da população.
Por outro lado, há sempre a questão de como definir o momento em que uma tecnologia é considerada “adotada em massa”. Nem sempre é fácil estabelecer o ponto exato de popularização, pois muitos fatores entram em jogo — desde a disponibilidade de infraestrutura até a conscientização do público. Para contornar essa dificuldade, costuma-se adotar outro critério: o lançamento de um produto ou serviço que simbolize o início de uma mudança profunda, e por isso há um grande debate sobre qual ano define cada geração.
Foi assim em 1995, quando a internet deixou de ser restrita a ambientes acadêmicos e se popularizou graças aos navegadores gráficos, à chegada de sistemas operacionais mais amigáveis e ao surgimento de provedores comerciais. Em 2010, não foi apenas o iPad que mudou o cenário, mas sobretudo a consolidação das redes sociais como parte essencial do cotidiano. Hoje, se pensarmos na IA generativa, desde 2022/2023 ela já está presente em escolas, ferramentas de criação de conteúdo, plataformas de atendimento ao cliente e muitos outros setores.
Ainda que 2025 está sendo apontado por diversos estudos como o momento “oficial” da troca geracional, a realidade mostra que, antes mesmo de chegarmos ao atual mês de janeiro de 2025, a IA já vinha mudando drasticamente a forma como nos comunicamos, aprendemos e trabalhamos. Para as crianças que nasceram em 2023 ou 2024, falar com chatbots, criar textos e imagens por comando de voz e até ter “colegas” virtuais de estudo é algo absolutamente normal.
A grande questão, portanto, não é apenas definir o ano exato em que a maioria das pessoas abraçou a tecnologia, mas identificar o ponto de partida — quando algo novo surge e demonstra, de imediato, um grande poder de mudança. De certa forma, foi o que aconteceu em 1995, em 2010 e, agora, está acontecendo desde 2023, quando a IA generativa se espalhou numa velocidade espantosa.
Em suma, ao chegarmos em janeiro de 2025, percebemos que a adoção da Inteligência Artificial já não é algo do futuro distante, mas parte da realidade que nos cerca. É por isso que se pode argumentar, com bastante convicção, que a semente da Geração Beta foi plantada antes mesmo de cruzarmos a “data oficial” que muitos previam. Afinal, a marca de uma nova geração costuma ser justamente o fato de seus integrantes nascerem num mundo já transformado.
Embora seja discutível o ponto de partida, é certo que a IA marca o início da Geração Beta. Agora, vale a reflexão: qual será o grande marco que definirá a Geração Gama?
VP de Varejo
Caio Camargo
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