top of page

Toda polarização é burra de nascença. E quem a alimenta é limitado ou mal-intencionado

  • Foto do escritor: Comunicação
    Comunicação
  • 16 de out.
  • 4 min de leitura
FBM

A polarização na sua concepção mais básica é a limitação da visão e da capacidade para entender de forma mais ampla, profunda e abrangente o processo de transformação da sociedade, considerando todas as suas vertentes, nuances, características e particularidades.

A limitação para esse entendimento é que define sua mediocridade. E quando em um país ela é liderada por aqueles que têm poder institucional, a Nação se apequena, regride econômica e socialmente e retroage nos planos político, social, econômico e na evolução de sua maturidade.

Isto é o que temos vivido na realidade presente como herança de períodos recentes e independe de opções político-partidárias. A política faz parte das relações sociais e é preciso separar aquela ambiciosa e focada, na gestão do que é melhor para a sociedade, daquela mesquinha e imediatista, desvirtuada pelas questões partidárias que privilegiam o nós contra eles. Na prática quem perde pela polarização é a Nação


A mesquinhez da polarização tem custado caro à Nação, que se vê envolta em um processo em que é nítido o crescimento da desigualdade social, da insegurança, da inadimplência, do endividamento da população e da inflação de alimentos, gerando evolução real negativa do desempenho do varejo e do consumo.


E ainda com o concomitante crescimento e aparelhamento do Estado com significativo aumento dos gastos públicos. E o aumento do endividamento e o desequilíbrio fiscal. Este poderia ser um momento mágico para o país se beneficiar de seus inegáveis ativos naturais e os investimentos feitos em alguns setores para se reposicionar em um convulsionado mundo, envolvido por conflitos políticos e econômicos.


Seria um momento em que a visão, a habilidade e o entendimento político poderiam contribuir para maior e mais significativo crescimento econômico e social.


Mas ao contrário, estamos vivendo uma evolução pífia da economia e acirramento de ânimos sem precedentes e já embarcando num período eleitoral em que uma parte do País vai desacreditar no que está feito e outra vai tentar destruir o que poderia ser feito.


O dito popular é sábio: casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão.


E é no mínimo pueril a visão simplista de que um salvador da pátria pode surgir e integrar o País.


O setor empresarial pode ser o amálgama político


O que se tem visto é o agravamento do quadro com a politização da Justiça a partir do STF e a exponenciação da polarização no âmbito do Legislativo e do Executivo.


Para complicar um pouco mais, há falta de líderes empresariais autênticos e visionários. Faltam nomes como Antônio Ermírio de Morais, Abilio Diniz e Jorge Gerdau para coordenar, integrar e liderar com a força de suas ideias e capacidade de representação ampla.


No passado ainda havia o interesse nos temas empresariais, pois envolvia captação de verbas no processo eleitoral. Algo que hoje foi substituído pelos fundos partidários, afastando e reduzindo interesse pelo diálogo e pelo repensar de projetos. Vale lembrar que o fundão eleitoral já está em R$ 5 bilhões e existem propostas para sua elevação imediata.


Mas é o setor empresarial que tem a visão global mais atual. Que tem a capacidade de articular, desenvolver e implantar projetos de longo prazo, com a ótica de mercado e respeito aos temas sociais. E através das relações com consumidores-cidadãos, viabilizar crescimento e expansão de negócios.


Que tem a sensibilidade, envolvimento e atuação cada vez mais relevante nos temas ligados à Sustentabilidade, pois essa é demanda crescente da Sociedade.


Mas não se pode negar que o setor empresarial está com os olhos mais fixos e concentrados no desempenho de seus próprios negócios, no ambiente convulsionado e desafiador da polarização política e econômica global e potencializado pelas questões locais. Em que precisa ser destacada a contração nas vendas em quase todas as categorias e segmentos de consumo e uma das maiores taxas reais de juros do mundo. Além da transformação tecnológica e digital combinada com a revolução precipitada pela Inteligência Artificial.


Como desviar o foco, atenção e recursos para cuidar do País em um cenário como esse?


Os “Brasis” da Economia Real e da Economia Financeira


O Brasil da Economia Financeira vive momento especial alimentado pelas atuais taxas reais de juros. Que têm como resultado o desestímulo ao investimento do setor privado, pois é muito mais seguro e tranquilo aplicar e viver dos resultados das aplicações.


Como resultado, o Brasil real vive as amarguras do baixo crescimento – são 25 anos de crescimento médio do PIB inferior a 2,5% – em um país com todo o potencial econômico e social que possui.


O enigma está colocado


O setor empresarial, em especial da Economia Real, concentra sua atenção na sobrevida de seus negócios no ambiente conflagrado e delega por contingência os grandes temas nacionais aos poderes constituídos. E esses, consumidos pela polarização política partidária, se engalfinham pelo resultado da próxima eleição.


E a Nação se apequena, apesar de ser uma das dez maiores economias do Mundo, agravando o quadro de desigualdades, insegurança e conflitos internos. E desperdiçando a condição ímpar no plano ambiental, natural e das competências desenvolvidas nas mais diversas áreas.


Cada instituição, entidade, associação, grupamento social ou empresarial deveria adotar um tempo mínimo para reflexão. Para discutir visão e contribuição para resolver o enigma que impede o País de crescer e se desenvolver pelo caminho da Economia Real, pelos danos que temos vivido e viveremos a prosseguirmos na escalada de insanidade que significa a polarização.


É um mínimo de reflexão que leve a alguma ação.


Seja qual for, será melhor do que o cenário que temos à frente.

Marcos Gouvêa de Souza

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, o mais relevante ecossistema de consultorias, soluções e serviços que atua em todas as vertentes dos setores de Varejo, Consumo e Serviços. É membro do Conselho do IDV, IFB e Ebeltoft Group, presidente do LIDE Comércio, conselheiro do grupo BFFC/Bob's, publisher da plataforma MERCADO&CONSUMO e autor/coautor de mais de dez livros relacionados aos temas de sua especialidade.


*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.


Imagem: Envato

Comentários


bottom of page